05 dezembro 2005

Dialogar e Reflectir...


Um encontro com uma amiga do curso para partilhar as experiências altamente vividas no estágio fez-me perceber algo extraordinário!
De facto só mesmo quando nos esforçamos por traduzir em palavras o que vivemos ou sentimos é que nos apercebemos o porquê de algumas coisas, o sentido e significado de outras.. Talvez como nas Histórias de Vida (Abordagem Biográfica)!
Foi o que aconteceu nesse encontro. Ao contar à Maria e expressar a minha experiência no estágio, especialmente nas sessões com os adultos, percebi que:

* Apesar de não ter (praticamente) experiência prática enquanto educadora/formadora, dei comigo a explicar, por exemplo, o que é o ambiente de trabalho, o explorador, a diferença entre os ícones de pastas, ficheiros e programas ou aplicações... utilizando quase sempre metáforas, principalmente presentes no dia-a-dia de qualquer pessoa. Ou seja, estabeleci associações com situações familiares aos adultos.

* Algumas explicações surgiram espontaneamente no momento, questões sobre as quais nunca tinha reflectido, nem sabia as respostas por ser algo tão "natural" e implícito naquilo que sei. A aprendizagem estava feita e quando foi necessário soube explicar algo que, à primeira vista, julgava não saber a resposta

* Viver, sentir e identificar tantos aspectos e situações teóricas relatadas, discutidas, reflectidas, avaliadas e questionadas ao longo das aulas, ao longo da licenciatura

* Ter o privilégio de colocar em prática muitas das aprendizagens que realizei em Ciências da Educação e algumas das competências desenvolvidas, nomeadamente, "provar" que de facto é possível acompanhar e orientar, simultaneamente, no mesmo espaço, pessoas com diferentes níveis de conhecimento, diferentes ritmos de trabalho, a realizarem diferentes tarefas:

Na 6ª feira, dia 25 de Novembro deparei-me fortemente com essa situação:
- Alguns dos formandos já tinham experimentado o TuxPaint e quiseram continuar;
- outros ainda não tinham, orientei-os para começarem;
- cinco adultos apareceram pela primeira vez no curso desde o 1º dia (por razões várias), três que são exactamente quem já experimentou noutras circunstâncias usar o computador e como tal queriam experimentar o Word ou a Internet, colocando algumas dúvidas e questões, e duas senhoras que não sabiam nada, as quais tive de acompanhar explicando o processo de ligar o computador, escrever palavra-chave e nome de utilizador, explicar o que é o ambiente de trabalho e só depois colocá-las a experimentarem o TuxPaint
- E ainda um senhor que precisava que lhe explicasse especificamente como se fazia uma tabela no Word

Foi um dia bastante intenso! Senti que consegui gerir a diversidade de situações, pelo menos fui respondendo a todos, através de ajuda, explicação, orientação.. Eles próprios mostraram entusiasmo.
E como sabemos os adultos são demasiadamente impacientes em situações de aprendentes - querem estar sempre em acção, querem respostas e explicações - pelo menos o grupo em questão. No entanto, senti que correu bem. Alguns não esperavam que chegasse ao pé deles e perguntavam aos colegas. Existiu entreajuda entre quem tinha resolvido determinado problema e quem esperava a resposta.

O Aprender experimentando está a instalar-se na sala! Em último recurso é que a maioria me chama, apesar de "necessitarem" de sentir que estou lá, disponível, para os orientar, apoiar, explicar e, claro, INCENTIVAR E ELOGIAR!

2 Comentários:

Às 17 dezembro, 2005 00:54 , Anonymous Anónimo disse...

Tenho acompanhado com interesse esta experiência com adultos e penso que este post deixa transparecer alguns pontos muito importantes no domínio da andragogia: o uso de situações de vida como referência base de aprendizagem, o trabalho com a diferença individual resultante de experiências de vida únicas, a aprendizagem autodirigida que se sente a partir de certo momento, consequência muitas vezes da utilidade prática que o adulto precisa sentir... parabéns pelo seu trabalho:) Uma sugestão: porque não sugerir aos adultos que se mostrem interessados e necessitem um processo RVCC? Pelo menos na informática já têm um percurso inicial motivante :)

 
Às 19 dezembro, 2005 16:44 , Blogger Joana disse...

Obrigado pelo seu post José! É sempre bom sentir que existe alguém do outro lado do blog..
Quanto à sua sugestão, o que acontece é que, na sua maioria, os adultos que estão a participar no projecto têm cursos superiores. E como em Portugal ainda não se faz RVCC a esse nível..

Beijinho
Joana Viana

 

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