06 outubro 2005

Estudar? Onde?


Artigo escrito em finais de Agosto de 2005, para o Correio dos Milagres, de Setembro de 2005.

"Com as férias de verão quase a acabarem, ninguém fica indiferente a mais um ano escolar que se avizinha. Começam algumas preocupações e momentos de agitação no seio das famílias: comprar os livros e material escolar, apoiar as crianças nos estudos, saber se fazem os trabalhos de casa, se tudo corre bem na escola.
Todos os pais querem que os seus filhos estudem, que preparem o seu futuro (profissional). No entanto, nem sempre é esse o futuro que os jovens escolhem para si: alguns preferem deixar de estudar e ir trabalhar, outros não seguem para a universidade, não tiram um curso superior. E nem sempre os pais aceitam essas escolhas, reagindo negativamente. Afinal, cada vez mais, é indispensável viver em constante formação, a chamada aprendizagem ao longo da vida. É determinante aprender, adquirir conhecimentos diversificados e de banda larga para agir profissionalmente. Contudo, por vezes, os jovens ainda não sabem o que querem fazer no futuro, qual o curso que gostavam de frequentar, ainda não têm maturidade para aos 18 anos decidirem a sua vida profissional e académica. É preciso que deixem de estudar e passem a trabalhar para, posteriormente, reconhecerem a importância da formação na sua vida futura, voltando a estudar. Nesses momentos é determinante a atitude dos pais, o apoio, compreensão e espaço dado aos jovens para eles mesmos decidirem em consequência da sua experiência.


De facto, nem todos se adaptam ao tipo de ensino que existe nas nossas escolas. As pessoas são diferentes. Por isso, quando o vosso filho vos disser que quer deixar de estudar ou que não quer ir para o ensino superior, não desesperem! Conversem no sentido de compreender as causas dessa opção. A melhor opção para todos não tem de ser a Universidade! Existe uma grande diversidade de alternativas ao ensino superior, de cursos e formações, assegurando a qualificação e especialização numa determinada área de trabalho, o desejado futuro profissional de qualidade, em menos tempo, com um formato diferente da escola que conhecemos, para aqueles que não se adaptam ao modelo escolar, mas de igual modo determinantes, vantajosas e ajustadas ao futuro no mercado de trabalho.
Um exemplo disso são as Escolas Tecnológicas que promovem o ensino pós-secundário não superior, ou seja, um nível superior ao ensino secundário e inferior ao ensino superior, mas que permite aceder mais facilmente ao mundo do trabalho, visto referir-se a cursos profissionalizantes, preparando jovens e adultos candidatos ao 1º emprego, para o desempenho de profissões qualificadas, com a duração de 1 a 3 anos.
Outro exemplo são os Cursos de Educação e Formação, de natureza diversa, que certificam o aluno escolar e profissionalmente, onde se incluem os cursos desenvolvidos pelo IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional), nomeadamente pelos Centros de Emprego e outras entidades empregadoras ao nível local (como por exemplo a Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria).
Para aqueles que apenas têm o 9º ano de escolaridade, a sua opção de continuidade dos estudos não é apenas o ensino secundário vulgar. Os cursos das escolas profissionais, que muitos já conhecem, são uma possibilidade com tanta viabilidade como o ensino secundário vulgar. Para ultrapassar qualquer tipo de estereótipo, o que distingue os cursos das escolas profissionais do ensino secundário vulgar é o facto dos mesmos referirem-se a uma área específica (animação sociocultural, pintura e decoração cerâmica, mecânica, educação social, turismo, informática, contabilidade, gestão, entre muitas outras), com um carácter maioritariamente prático, uma estrutura diferente do modelo escolar (para quem não se adapta), nos quais os alunos deverão assumir um papel activo na construção das suas aprendizagens e do seu conhecimento, sendo-lhes atribuído além do certificado escolar do 12º ano, um certificado profissional na área do curso concluído, para a rápida inserção no mercado de trabalho, com a possibilidade de aceder também ao ensino superior. Na região de Leiria existem cerca de 15 escolas profissionais, com uma grande diversidade de cursos. Outra das opções concluir o 12º ano são os cursos tecnológicos do ensino secundário regular, mais práticos e profissionalizantes, e ainda o conhecido ensino recorrente, que funciona como opção para quem pretender trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

De facto, a educação familiar é tão ou mais importante que a educação escolar, pois é a base de formação da criança e jovem, condicionando a sua forma de olhar a escola e a educação em geral, a sua atitude perante a vida, enquanto cidadão.

Não pensem os pais que a escola tem a obrigação de educar as crianças e jovens, orientá-las no caminho da vida. Tem claro um papel importante, mas não primordial. Por isso, apelo a todos os pais que não depositem as crianças na escola de manhã para as recolherem ao final do dia. Acompanhem o percurso dos vossos filhos na escola, incentivem-nos a querer saber mais, a aprender, a serem curiosos, a compreenderem as causas, consequências e os porquês de cada fenómeno ou situação. Não os obriguem a estudar ou a fazer os trabalhos de casa, não lhes proíbam ou retirem os seus prazeres de crianças por não fazerem os trabalhos de casa. Negoceiem antes com eles, façam-nos sentir as consequências dos seus actos, expliquem-lhes a importância de estudarem e de fazerem os trabalhos de casa. Ajudem-nos a fazer, mesmo que não entendam o que é para fazer, perguntem o que é que eles têm de fazer, se percebem porque é importante."

Joana Viana


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